De origens obscuras, S. Martinho do Campo é citado nas inquirições de 1258. Ainda hoje, o nome da freguesia é enganador. Pinho Leal considerava-o de origem celta e talvez para o distinguirem da homónima de Sto. Tirso e outras, S. Martinho (aqui só se diz Campo), omitiram o padroeiro, havendo memória dela no ano 797.
Segundo a corografia Moderada do Reino de Portugal de 1875, S. Martinho do Campo vinha referenciado com o nome de Recezinhos de Ponte Ferreira, como pertencente à Abadia do Convento de Vilela e que depois passou para a alçada do Bispo e integrada no então Concelho ou Julgado de Aguiar de Sousa.
Em 1906, Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues no Vol. 2 do Dicionário Histórico Bibliográfico, pág. 675, descreve o povoado e Freguesia como pertencente à província do Douro, concelho de Valongo, Bispado do Porto. Era habitada por 2012 habitantes e 266 fogos. Tinha escola do sexo masculino. A povoação estava situada entre montes dos quais se via o mar e muitas povoações do Minho, Douro e Trás-os-Montes. Foi couto do Porto, tendo juiz ordinário, procurador e jurados. Terminam estes autores dizendo que a freguesia era muito fértil e fazia muito comércio com a cidade do Porto, sendo conhecida já nessa altura pelo actual nome de S. Martinho do Campo.
Em 1934, Américo Costa, no IV Volume do Dicionário Corográfico de Portugal, refere a existência de serviço de correios mais propriamente no lugar da Coletinha, bem como, a escola, Agência de Seguros e sede “J. de Paz” e ainda serviços de transportes colectivos para Paços de Ferreira, Porto e províncias intermédias.
É de salientar que “Valongo, até ao Séc. XI, fazia parte da freguesia de Campo da qual se separou nessa altura...” (Costa e Almeida, 1936). S. Martinho de (como cá se diz) Campo, foi integrada só em 1836 no concelho de Valongo, deixando, por conseguinte de pertencer ao então extinto concelho de Paço de Sousa.
Em 1937, tomaria posse como membro municipal o primeiro representante de campo na Câmara do novo Município.
Actualmente, a freguesia é delimitada a norte pela freguesia de Sobrado, a Oeste pela freguesia de Valongo e a Este e Sul pelo Concelho de Paredes, ocupando uma superfície total de 14,200 Km2.
Conta hoje com os seguintes lugares: Quintã de Baixo, Fervença, Lameiras, Alto do Moinho, Póvoas, Vinhas, Chã, Ponte Ferreira, Ribeira, Moirais, Capela, Retorta, Felgueira, Vertido, Costeira, Quintã de Baixo, Ramalho, Moirama, Azenha e Balselhas.
O povo foi ao longo dos tempos, conotado como sendo simples, trabalhador, afável, sacrificado, mas perseverante nos momentos difíceis, mas tantas vezes nem sempre reconhecido.
Na gente simples e crente, abundam as lendas e tradições num sentido de vida religiosa, característica de uma sã ruralidade.
De mãos francas, predispostas para o trabalho, este povo laborioso soube aproveitar as riquezas naturais da sua terra explorando do sub-solo a ardósia, as quartzites, o antimónio, o volfrâmio; utilizar a força da água do seu Rio Ferreira; cultivar a terra produzindo milho, vinho, feijão, batata, legumes; fomentar indústrias criadoras de riqueza, de que são exemplo a da moagem, panificação, têxteis, transformação de ardósias, móveis, metalomecânica, intensificar de forma diversa os circuitos comerciais, em suma, construir o progresso e garantir o futuro.
CENTRO CULTURAL DE CAMPO / MUSEU DA LOUSA
Foi inaugurado a 27 de Outubro de 2001 e é composto por: área museológica; um polo de biblioteca com secção infantil e de adultos; dois auditórios, um interior e outro ao ar livre, onde decorrem várias actividades, desde o teatro às variedades, passando pela música e pelo cinema.
A área museológica ganha corpo em três casas de média dimensão, construídas segundo as técnicas tradicionais do trabalho em ardósia, assim como o muro envolvente.
A primeira das casas alberga a reconstituição de uma casa de um mineiro, com a área de cozinha, a zona de descanso nocturno e a oficina, onde mulheres e crianças faziam penas de lousa durante o serão para complementar os parcos salários auferidos na mina.
Nas restantes duas expõe-se espólio e documentação ligadas à ardósia, desde a sua extracção aos diversos tipos de transformação.
MUSEU DA LOUSA
Horário: De 2.ª a 6.ª das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30
Encerrado aos fins-de semana e feriados.
Marcações pelos telefones 22 242 64 90 e 93 229 26 57
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